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Artigo da conselheira Joana Jaques Leite | Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

25/07/2022
Orgulho da minha Cor

É impossível falar sobre a Mulher Negra nesse cenário atual, sem remeter à história que deu ênfase a uma conquista embasada em respeito e protagonismo.

Há exatos 30 anos, no dia 25 de julho, foi instituído o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha. Fato esse ocorrido na República Dominicana. Em 2014, nosso país reconheceu a data de 25 de julho como o Dia da Mulher Negra e de Tereza de Benguela, celebrando a vida e a luta desta líder que por mais de duas décadas esteve à frente do Quilombo de Quariterê, no estado do Mato Grosso. 

No Brasil, este ano comemora-se também a 10ª edição do julho das Pretas, criado em 2013 pelo Odara (Instituto da Mulher Negra), o qual trás o tema “Mulheres Negras no Poder, Construindo o Bem Viver!”.

Na tentativa de refletir sobre a mulher negra nos tempos atuais, observo vários desafios enfrentados, seja na sociedade, superando as desigualdades raciais e de gênero, no mercado de trabalho, na saúde ou simplesmente no direito de ir e vir.

Segundo Grada Kilomba, são vários os agentes discriminatórios, mas destaco os principais: do cabelo, sexuais, da pele, espacial (de onde você é), entre tantos outros.

Sem desvalorizar toda história de luta e dificuldades que acometem o nosso grupo, é importante se ater na questão de que as mulheres negras são protagonistas do seu caminhar, das suas conquistas, de seus desafios, de seus espaços, e que ao longo dos anos, através de muitas lutas, modificam a trajetória em prol de um novo futuro, dando sequência ao trabalhado idealizado e alcançado por tantas outras mulheres que deixaram suas marcas e hoje são exemplos de um legado que merece reconhecimento e respeito.

Em minha vida, levo essa frase de Djamila Ribeiro, que retrata meu sentimento em relação a um mundo ideal para nós: “Como negra, não quero mais ser o objeto de estudo, e sim o sujeito da pesquisa.”

Assim sendo, devemos ter orgulho de quem somos, da nossa história, das conquistas, desse protagonismo que nos enche de orgulho, pois mesmo sendo um caminho árduo, e embora a nossa capacidade, constantemente, seja colocada a prova, mesmo assim, é LIBERTADOR!

Nesse contexto, onde o objetivo do texto seria refletir sobre a realidade vivenciada pelas mulheres negras, constata-se que nossa condição social pouco se alterou, contudo, percebe-se que a união de novas organizações, políticas estruturantes e políticas públicas, aliadas a consciência de que devemos conquistar nosso espaço, e de que somos dignas e capazes disso são os alicerces que impulsionam a construção de um mundo cada vez mais consciente de que somos todos iguais.

Joana Jaques Leite
Conselheira da OAB – Subseção de Caxias do Sul e Subdelegada da CAARS em Caxias do Sul
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