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A Síndrome de Burnout é uma resposta patológica a estressores crônicos do ambiente de trabalho que pode progredir para depressão e até mesmo suicídio. Essa condição não surge de uma hora para outra. Ela vai se instalando aos poucos e, muitas vezes, as pessoas não percebem que estão sofrendo de esgotamento antes de chegar ao limite da exaustão física e mental.

A manifestação do Burnout envolve geralmente três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e redução da capacidade de desempenho e/ou motivação. Além disso, a instalação é progressiva, conforme Herbert Freudenberger e Gail North, autoridades no tema, a progressão do Burnout envolve 12 estágios que listaremos a seguir:

1. Compulsão por provar seu próprio valor: Necessidade de demonstrar que consegue realizar as atividades com excelência;

2. Incapacidade de se desligar do trabalho: Checar e-mails e mensagens antes de dormir, trabalhar finais de semana (mesmo sem que seja pedido pela chefia) etc;

3. Negação das próprias necessidades: sono, alimentação adequada, tempo para o lazer tornam-se secundários. Essas atitudes são vistas como um sacrifício em nome de um bem maior;

4. Evitação de conflitos: Apesar de notar algo errado a pessoa evita enfrentar a situação.

5. Reinterpretação de valores pessoais: A autoestima é medida apenas pelos resultados no trabalho. A família, os momentos de descanso, os hobbies, passam a ser vistos como coisas sem importância.

6. Negação de problemas: A pessoa se torna intolerante. Contempla os colegas de trabalho como preguiçosos, incompetentes, indisciplinados. Pode haver aumento da agressividade e sarcasmo.

7. Distanciamento da vida social: A vida social passa a ser restrita ou, até mesmo, inexistente. O trabalho é feito de maneira automática. A necessidade de relaxar pode levar ao uso de drogas ou álcool.

8. Mudanças comportamentais: A pessoa torna-se muito diferente do que costumava ser. Quem era alegre e dinâmico torna-se apático e medroso. As alterações são óbvias e podem ser notadas pela família e amigos.

9. Despersonalização: Não é possível enxergar o próprio valor nem necessidades, bem como das pessoas ao seu redor.

10. Vazio interno: Para amenizar o desconforto, muitos recorrem às drogas, álcool, ou compulsões como comer e fazer sexo.

11. Depressão: O futuro parece incerto, a vida perde o sentido. É comum o sentimento de estar perdido, cheio de incertezas e exausto.

12. Síndrome de Burnout (ou esgotamento): Há um colapso mental e físico, assim como podem ocorrer pensamentos suicidas.

As abordagens para o tratamento da síndrome de Burnout devem ser guiadas pela gravidade da síndrome. Se for leve, são recomendadas medidas como mudança de hábitos de vida e otimização do equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Esse processo deve se concentrar em três fatores:

- Recuperação por meio do relaxamento (Mindfulness, Ioga, esporte...)

- “Retorno à realidade” em termos de abandono de ideias externas de perfeição

- Se o Burnout for grave, são recomendadas intervenções psicoterapêuticas, assim como medidas farmacológicas, como antidepressivos, preferencialmente combinados com psicoterapia.

Entretanto, cabe ressaltar que, apesar da manifestação do Burnout ser individual (frequentemente potencializada por características pessoais), se trata de uma condição relacionada a um ambiente de trabalho adoecido. Assim, intervenções individualizadas podem não surtir efeitos significativos se não forem realizadas mudanças na organização, a fim de combater elementos nocivos no ambiente e na cultura do local de trabalho. Todavia, esse processo é complexo.

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Kaschka, W. P., Korczak, D., & Broich, K. (2011). Burnout: a fashionable diagnosis. Deutsches Arzteblatt international, 108(46), 781–787. https://doi.org/10.3238/arztebl.2011.0781